quinta-feira, junho 09, 2005

CONTRIBUTOS #1

* Respigado ao João Pacheco de Melo

#1 Contributo do Dr. Dionísio de Sousa

Cá estou para o primeiro contributo.

Começo por repetir o que já disse num comentário no Chá Verde. Trata-se de uma excelente iniciativa, a que não regateio a minha adesão e o meu aplauso. Até porque não vejo que, actualmente, nenhum outro instrumento, mais tradicional, de comunicação e de debate se abalance a fazê-lo, neste ambiente de revisão estatutária em curso.
O que se passou com a revisão do sistema eleitoral, pese embora alguns esforços para retirar o tema do seu âmbito tradicional, é suficientemente elucidativo a esse respeito.
Os pré-juizos partidários e, mais lamentável ainda, os pré-juizos de algum jornalismo regional, injustificável e inexplicávelmente vesgo, resistiram a todos os esforços de debate sadio e fundamentado.
Se bem pensarmos, talvez até nem seja caso para considerarmos esta iniciativa fora das boas tradições açorianas.
Aquilo a que podemos chamar a "Bíblia" do repositório de informação e documentação sobre a autonomia pós-Abril foi da iniciativa de uma entidade privada. O Instituto Açoriano de Cultura. Refiro-me à obra "Para uma Autonomia dos Açores", editada em 1979.
Esperemos que este "odre" dos blogues se revele melhor recipiente para o vinho novo desta iniciativa.
Passo já ao tema. Não me vou pronunciar sobre os 50 grandes momentos da autonomia. Nem sobre o número escolhido ( porquê 50?) nem sobre nenhum deles em concreto. Até porque não tive oportunidade de análise pormenorizada. Mas pareceu-me detectar algumas divergências de datas com outros documentos relativos, sobretudo, ao ano de 1975. Mas trata-se de questão a esclarecer posteriormente.
Para não prolongar, excessivamente, esta minha primeira tentativa de aproximação ao tema da Autonomia, resumo, à partida ,a perspectiva que queria trazer hoje a este espaço.
É esta. Consigo perceber perfeitamente a Autonomia Regional, o seu percurso histórico e a sua evolução, sem a menor referência ao 6 de Junho de 75. Não consigo, de maneira nenhuma, perceber a sua génese e as suas características, passadas e actuais, sem a ligação ao 2 de Março de 1895. Sobretudo quando é proposto, à cabeça, também "celebrar os 110 anos de Autonomia Administrativa".
Calculo que a primeira data que o blogue escolhe para assinalar a Autonomia tenha mais relação com o dia do lançamento do Blogue do que com a Autonomia.
Sei que esta não será a opinião de muito boa gente. Provavelmente, a começar pelo próprio autor do Blogue. Mas também sei que não estou sózinho nesta convicção.
Fico-me por aqui. Prometo voltar, com a brevidade possível.


NOTA: Agradeço ao Dr. Dionísio a sua disponibilidade e a oportunidade de assim poder clarificar alguns pontos que não são de somenos para esta nossa caminhada, a saber:
a) Coloquei o acento na autonomia constitucional (30 anos - 50 momento) por que me parece ser esta que está historicamente mais frágil pois corre o risco de ter apenas por guião a comunicação social, no entanto o limite é o dos contributos e tanto falaremos de 1800 como de 2000, assim, 50 é apenas um número porque 30 me pareceram poucos e 100 muitos.
b) As minhas fontes foram quer a tese do José Manuel Oliveira Mendes quer o livro por si refenciado "Para uma Autonomia dos Açores", claro que não garanto fiabilidade mas é também para esses esclarecimentos que cá estamos.
c) Quanto ao 6 de Junho, estarei a meio caminho nas suas interpretações, não o comparo ao 2 de Março, mas não lhe regateio importância no despertar de consciências valorando-o como catalizador da sequência de marcos históricos que se lhe seguiram em 75, daí que a data para lançamento do blogue foi um conjugar das necessidades, a de celebração, a de debate, com a disponibilidade pessoal para o fazer. Ainda assim muitas outras datas haverá para celebrar cá estaremos de peito aberto e cabeça elevada.
Bem Haja!